Parte importante do Kit Introdutório de D&D, a aventura “As Minas Perdidas de Phandelver” é apresentada em um livreto de 64 páginas que contém informações para mestres e jogadores, descrições de lugares, encontros, e é projetada para apresentar as regras do jogo gradativamente.

Com um início simples, e bastante clássico, os personagens dos jogadores são contratados por um anão chamado Gundren para levar um carro de bois com ferramentas e equipamentos de mineração até um pequeno vilarejo chamado Phandalin, localizado ao sul de Neverwinter. Cada um dos personagens receberia uma recompensa de 10 moedas de ouro ao chegar, e Gundren partiria antes com um amigo, Sildar, para realizar negociações. Depois de algum tempo viajando pela Estrada Alta, os personagens entram na Trilha do Javali, onde são emboscados por goblins e descobrem que Gundren e Sildar foram levados. A aventura então segue com os PJs tentando resgatar o anão que os contratou, e ajudando ao vilarejo a se livrar de vários problemas que apareceram nos últimos tempos.

Um começo bastante tradicional em aventuras introdutórias de Dungeons & Dragons.

A campanha, de acordo com o livro, pode levar os personagens do 1º ao 5º nível. Normalmente quando eu estou no papel de mestre, gosto de recompensar os personagens com um novo nível ao final de um arco narrativo, mas quando mestrei essa aventura escolhi fazer a tradicional distribuição de pontos de experiência. Como resultado, meus jogadores apressadinhos que ignoraram vários detalhes da aventura enquanto tentavam encontrar Gundren terminaram com personagens de 4º nível. Ainda assim, ela se estendeu por 14 sessões de jogo, rendendo muito tempo de diversão.

Mapa do vilarejo de Phandalin, ilustrado por Mike Schley.
A aventura conta com mapas ilustrados por Mike Schley.

O livro ainda traz uma série de explicações sobre o sistema, descrevendo algumas regras específicas que são introduzidas ao longo da aventura e dos encontros. Essas regras tornam o jogo gradativamente mais complexo, à medida em que os jogadores e o próprio mestre vão aprendendo e se familiarizando com cada uma delas. O primeiro encontro, por exemplo, é um combate simples contra 4 goblins. Depois os personagens encontram inimigos mais complexos, desde lobos que lutam com táticas de grupo e podem derrubar um personagem que não vá muito bem em uma salvaguarda de força, até um crânio flamejante e uma aparição nas sessões finais, passando por criaturas que utilizam armadilhas a seu favor. Fazendo jus ao nome do jogo, Dungeons & Dragons, a campanha também oferece a oportunidade dos PJs encontrarem e confrontarem (através de diálogo ou indo às vias de fato) um dragão.

Na minha opinião, apesar de ser uma aventura sobre trilhos, ela é bastante capaz de apresentar o cenário de forma interessante, permitindo que os jogadores resolvam encontros com abordagens diferentes, e trazendo algumas referências e personagens clássicas de Forgotten Realms que deixam um quentinho no coração de qualquer um que já tenha lido algum romance do R. A. Salvatore ou jogado algum dos diversos títulos eletrônicos que se passam no cenário. Há, por exemplo, uma missão que se passa no Poço da Coruja Velha (Old Owl Well, presente no jogo Neverwinter Nights 2) e um encontro com uma certa criatura em Conyberry (omitindo aqui para evitar spoilers) que já interagiu com o famoso Drizzt Do’Urden no passado.

Usei essa campanha como forma de ensinar o sistema aos meus amigos que nunca tinham jogado D&D, e depois dela emendei em aventuras da minha própria criação, livremente inspiradas na campanha oficial Tyranny of Dragons, que entrarei em detalhes futuramente em uma nova categoria de publicações chamada Diário de Campanha.

As Minas Perdidas de Phandelver é uma ótima aventura para você aproveitar a quarentena! Junte um grupo de amigos (online, por favor!), aprenda a usar um chat de voz e um aplicativo rolador de dados (nós aqui usamos o Fantasy Grounds, mas o Roll20 tem modalidade gratuita e é uma ótima pedida também).